Centro de Pesquisas e Triagem de Animais Silvestres será construído no Campus Park UniSociesc em Joinville
13 / Fevereiro / 2023
Acordo foi assinado pela UniSociesc com MPF e IMA após conclusão de Termo de Ajustamento de Conduta com empresa da região. Valor repassado para a obra é de R$ 1,2 milhão
A UniSociesc vai receber R$ 1,2 milhão para a construção de Centro de Pesquisas e Triagem de Animais Silvestres (Ceptas) em Joinville. O acordo foi assinado pela instituição com o Ministério Público Federal (MPF) e Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA), após conclusão de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com empresa da região. O Ceptas será construído no Campus Park UniSociesc, que fica no bairro Boa Vista, num prazo de 120 dias.
Com o espaço em funcionamento, o IMA deverá arcar com os custos de alimentação e medicamentos dos animais, mas haverá contrapartida da UniSociesc com os custos do espaço físico, projeto, manutenção da estrutura e profissionais responsáveis, como médico veterinário e biólogo. A instituição também irá disponibilizar toda a infraestrutura do Hospital Veterinário e se responsabilizará pelos exames de imagens. O MPF irá acompanhar a parte de instalação e o início de funcionamento.
“A UniSociesc apresentou um projeto ao Ministério Público, mas a construção do centro segue uma série de regulamentações e normas técnicas”, explica o diretor da instituição, Flávio Sartori. Ele explica que o espaço irá atender toda a região Norte e Planalto Norte do Estado e não apenas Joinville. “Hoje, quando há necessidade de atendimento de animais silvestres, eles são encaminhados para clínicas conveniadas parceiras ou, às vezes, a própria equipe do IMA se desloca da Capital até o local de ocorrência para atendimento”, diz.
Com o Ceptas construído em Joinville haverá ganhos na questão dos deslocamentos, mas principalmente no cuidado adequado e reinserção destes animais ao seu habitat natural, aponta Sartori. “O volume de apreensões de animais aqui na região é alto, especialmente pássaros vítimas de contrabando. Por isso, fica evidente a necessidade de espaço apropriado para triagem, tratamento e recuperação destes animais, para que possam voltar à natureza ou serem encaminhados para locais de conservação e até zoológicos, por exemplo”, destaca Sartori.
Conforme o diretor da UniSociesc, em um ano e seis meses a Clínica Escola do curso de Medicina Veterinária já prestou atendimento a mais de 2 mil animais e 90% foram reabilitados e voltaram para a natureza ou foram encaminhados a centros adequados de conservação. “O Ceptas é um projeto relevante para o bem-estar animal, para o município e para a região. E ainda irá contribuir na formação dos estudantes e dados estatísticos da real situação da região”, destaca. Entre as atividades que serão executadas pelo centro, estão a recepção, identificação, atendimento clínico veterinário, triagem, estabilização e quarentena dos animais encaminhados pelos órgãos fiscalizadores.
Animais apreendidos são encontrados em situações precárias
Em Santa Catarina, a lista de espécies da fauna ameaçada conta com 261 espécies ameaçadas e oito extintas regionalmente. No Estado, o principal local para destinação dos animais apreendidos pelo IMA, Polícia Militar Ambiental e Polícia Civil é o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) em Florianópolis. Atualmente, mais de 400 animais estão em reabilitação no local. A maioria dos animais apreendidos são encontrados em situações precárias, ambientes insalubres, condições de maus tratos e estado de deficiência nutricional.
O tráfico de animais silvestres no Brasil é um problema alarmante e crescente, segundo a Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas). A atividade tira 38 milhões de animais das matas anualmente e alimenta um mercado estimado em R$ 3 bilhões. Há estudos que descrevem que mais de 80% dos animais silvestres vendidos no país são aves. Existem atividades muito lucrativas que alimentam esse mercado, como torneios de canto de pássaros e rinhas de aves.